sábado, 2 de março de 2013

Octagonal loop antenna crystal set with horn speaker


Octagonal loop antenna crystal set with horn speaker

My octagonal loop antenna crystal ser is using an impedance matching transformer (input 200 K) and a plastic horn speaker with a sound powered element.

I’m using also a AVAGO HSMS-2823 Diode. Because it’s an SMD I decide to mount it into a lamp bulb, so It can fit with the aesthetics of the radio :)


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Galena loop octogonal e alto falante corneta

Este é mais um teste para obter uma boa qualidade sonora com algum volume em um rádio galena. Nesta configuração estou usando uma antena loop octogonal com cerca de 1 metro de diâmetro. No módulo principal está o capacitor variável, o detector (um diodo de germânio montado dentro do bulbo de uma pequena lâmpada por "razões estéticas"), e o transformador para casamento de impedâncias. Ainda tem o auto falante do tipo "corneta" composto por uma corneta plástica e uma cápsula magnética de alta impedância um galvanômetro mostrando a intensidade do sinal. Os resultados tem sido bons até aqui, mas continuo tentando melhorar o desempenho.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Dobrador no galena, será que funciona?

Na tentativa de extrair o máximo de volume de um rádio galena, além de implementações acústicas agora estou experimentando o expediente do "dobrador de voltagem". O circuito que tentei inicialmente é este aí debaixo. Não obtive um resultado satisfatório, mas sigo investigando...


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Rádio galena para iniciantes

Este é um projeto de um rádio para iniciantes com antena de quadro e que usa para sua construção um babo de vassoura para montar a estrutura da antena. Mais abaixo vocês poderão encontrar um vídeo com a descrição de como montar. Se você tiver interesse em adquirir um rádio como este, montado ou em kit pode entrar em contato comigo.



domingo, 9 de dezembro de 2012

Diana e o Rádio Galena.

Aqui minha filha de 5 anos, Diana, ouvindo um dos maus rádios galena...

Loop interessante

Capa de uma revista estadunidense dos anos 20 mostrando uma interessante antena de quadro


domingo, 2 de dezembro de 2012

Videos YouTube

Meus vídeos no YouTube - My videos on YouTube 


Crystal radio for begginers 
This is an easy to build crystal radio with loop antenna. It can be a nice "first radio" project, but more experimented builder can have fun also with this configuration.



Este é um rádio galena para iniciantes com antena de quadro:






Esta é a descrição de como eu construí meu rádio galena com antena de quadro, um rádio galena que funciona sem conexão com antena externa ou terra. Apesar da simplicidade do circuito os resultados foram bem interessantes. Espero que o vídeo seja útil para quem quiser fazer experiências com este tipo de rádio.


This is an unpretentious demonstration about how a crystal set can drive a kind of loudspeaker. This is one of my first attempts to do it, so I hope to achieve better results in the future; anyway I wanted to share it with you all.


This is a description of how I construct my loop antenna crystal radio, a crystal radio that works without external antenna or earth connection. Despite the simplicity of the circuit the results were very impressive. I hope that it could be useful to who wants to make some experiments with this type of radio.


This is my assembly of a one transistor radio. Outstanding performance for this kind of radio!



Um rádio 

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Estou testando minha novo rádio galena com antena octogonal. Ela tem uma metro de largura e 8 voltas de fio flexível de .5mm. Assim que eu puder quero fazer um teste com fio Litz para ver se consigo uma melhor performance. De qualquer maneira apresentou um resultado interessante. Assim que o rádio estiver pronto vou produzir um vídeo e postar no YouTube.


terça-feira, 27 de novembro de 2012

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Impedance Matching Box


Impedance Matching Box. Diagram by Ming Mak

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Galena acionando um autofalante

Pois é, ha algumas semanas atrás chegou dos EUA um transformador para casamento de impedâncias que encomendei. Na verdade é um auto-transformador que vai de 32R até 200K de impedância. Com isso montei uma caixa para casamento de impedâncias, esta aí de baixo:


O diagrama é este aqui (by Ming Mak):


O resultado foi bastante interessante. Mesmo com a antena de quadro pequena já foi possível usar uma cápsula de telefone colada em uma corneta de plástico e ouvir o galena sem fone. 

Depois fiz outro teste:



Com um galena com circuito simples e uma antena bem longa conectei o conjunto transformador de impedância + transdutor e o resultado foi interessante.
Fiz um vídeo (em inglês) que mostra o galena "falando alto". 





segunda-feira, 12 de novembro de 2012

terça-feira, 30 de outubro de 2012

A forja e a bigorna de um tio em Prudentópolis, PR



segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Amplificador de bancada

Este é um circuito bem eficiente e econômico para um amplificador de bancada ou como saída de áudio para vários projetos. Ele usa o LM386, CI de 8 pinos fácil de encontrar e que pode custar menos de R$ 3,00 em alguns lugares.
Créditos para o site www.techlib.com
(clique para ampliar)

 
Para o uso com meus rádios de galena optei por um visual mais rústico meio "vintage".


A montagem foi do tipo "breadboard" que eu gosto muito. Literalmente preguei o CI na tabuinha de madeira.



domingo, 7 de outubro de 2012

Detector de relâmpagos / detector de raios

Este é um detector de relâmpagos que montei neste final de semana.
Ele consiste em um circuito sintonizado com um indutor (um indutor de 10 mH e não 10 uH!) fixo em cerca de 200 KHZ. Ele emprega um amplificador de RF com transistor darligton (MPSA63).
Como o circuito consome apenas cerca de 200 uA as pilhas levam muito tempo para esgotarem, assim ele pode ficar ligado o tempo todo. A cada detecção de uma "faísca" atmosférica próxima ou as vezes alguma coisa dentro de casa (como interruptores ligando, por exemplo) o LED pisca.

 
A montagem foi feita usando um pedaço de MDF como base e pregos para as conexões do circuíto. Também é possível ver um borne que usei para conectar um fio de cerca de 50 cm que serve de antena.
Este é o diagrama esquemático do projeto original desenvolvido por Charles Wenzel (Austin, TX)
(clique para ampliar)


A descrição completa do projeto pode ser encontrada aqui:

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Como montar um rádio galena

Puxa, há quanto tempo eu não escrevia nada por aqui!!!
Pois bem, eu acabei de postar no YouTube um vídeo sobre como montar um rádio galena que usa antena de quadro. Apesar de não ser exatamente um campeão de sensibilidade e seletividade tem a vantagem de não precisar de antena externa ou conexão com o terra. De qualquer maneira é uma experiência interessante
Postei um vídeo em português e outro em inglês que podem ser conferidos nos links abaixo.

Rádio galena com antena de quadro (YouTube)

Loop antenna crystal radio (YouTube)

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Uma mala?

Em tempo...
Ora bolas, qual a função de uma agencia de informação? Não quero que me entendam mal, sendo tomando por ultra-nacionalista, inimigo da democracia e do Estado de Direito e defensor de um Estado policial, mas, um país como o Brasil, considerando todas as variáveis geopolíticas pode prescindir de um sistema de espionagem e contra-espionagem eficiente de forma quase angelical, como se a espionagem industrial, a ação de grupos terroristas, o crime organizado nacional e internacional e mesmo o velho jogo de espionagem entre nações fosse coisa que não diz respeito à segurança nacional? Se for verdade que a ABIN possui “uma” mala para rastrear escutas (e mesmo que fosse para fazer escutas), então isso, seria mais um dado preocupante sobre a falta de equipamentos e meios para realizar seu trabalho do que qualquer outra coisa...
A perplexidade da grande mídia com a mala da ABIN (e a tentativa de criar mais uma crise) é quase tão ridícula quanto "surpreender" um mecânico com sua caixa de ferramentas.
O eixo da discussão deve ser deslocado para qual a verdadeira função institucional da ABIN, a quem serve (e como foi possível que alguém do staff de Daniel Dantas fosse parar lá) que, ainda carece, penso, de um projeto de nação.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Freire x Fukuyama: a consciência histórica para além do fim da história


A vertigem neoliberal

Vivemos em uma época em que às vezes se tenta jogar a água do banho com a criança dentro. Muitos dos grandes sistemas de pensamento parecem que “deram tudo o que podiam” e os projetos como o da modernidade, da racionalidade, da democracia (a não ser sua versão “instrumental” do grande capital) são apontados como “fracassados”. As “soluções” variam da negação ao ceticismo e ignoram que muitos destes projetos estão longe de se esgotarem, mas antes podem ser vistos como “em construção”, e que dos seus sucessos e fracassos poderíamos aprender muito para que fossem aprimorados antes de cairmos no caos do relativismo perdendo, assim, muitas das perspectivas que orientam nossas ações e formam nossa identidade.


Li recentemente uma analogia interessante que, com algumas modificações, acredito que possa ilustrar o sentimento que vivemos neste início de século XXI. Para quem já experimentou a sensação de estar de montanha russa sabe que um dos momentos mais “dramáticos” é aquele em que, preso ao mecanismo titânico, somos lançados pela força da inércia em um looping gigantesco e lá experimentamos a tremenda energia sob a qual relaxamos nosso impulso de reagir e aceitamos ser conduzidos até o fim. [1]


A diferença, penso, em relação à montanha russa é que ela tem um telos, ou seja, uma finalidade bem definida. Apesar do pavor momentâneo sabemos que, salvo algum acidente, ela há de nos conduzir seguramente até o fim dos trilhos de onde podemos sair aliviados e ilesos. Poderíamos comparar nosso processo histórico a esta imagem?



[1] A alegoria é do historiador Nicolau Sevcenko em seu livro “A corrida para o século XXI: no loop da montanha russa” citado por LIMA (s.d.).


Cosmovisão


Mencionei em sala de aula que alguns sistemas de pensamento, teológicos, científicos ou sociológicos são tão abrangentes que fornecem um cosmovisão. A exemplo da consciência histórica, se aceitarmos o postulado de sua universalidade, isto é, que ela não é uma coisa que se possa ter ou não, posto que todos têm consciência histórica, seja lá como esta estiver configurada, o mesmo é válido para uma cosmovisão. Seja através do chamado senso comum, dos mitos, da religião, seja através da ciência, o ser humano procura uma ordem nas coisas, busca um modelo explicativo pelo qual possa se orientar. [2]
Um exemplo disso é o marxismo, que no seu desenvolvimento acabou abrangendo os campos da Sociologia, da História, da Economia, da Política e até da Epistemologia e Filosofia da Ciência oferecendo subsídios para a elaboração de uma cosmovisão.


Sílvio Sant’Anna, em sua introdução de uma edição da Ideologia Alemã (2006), apoiado nos escritos de Waldemar De Gregori e sua Cibernética Social (1988) apresenta uma quadro interessante que caracteriza uma “cosmovisão”, que naquele contexto serviam para problematizar o pensamento marxista , mas que, penso, aplica-se a construções estruturadas formalmente ou não de diversas naturezas. Uma cosmovisão, para ser considerada "completa" (instrumento-produto), seja ela produzida por povos primitivos ou por sociedades complexas, deverá conter basicamente os seguintes elementos:

• Cosmogonia: uma explicação sobre a origem e o funcionamento do Universo;

• Dinâmica das potencialidades evolutivas: sobre a circulação da energia, das leis naturais e da constituição dos três reinos (mineral, vegetal e animal);

• Ontologia: sobre a origem e a natureza do ser em um sentido amplo do termo.

• Ontogênese: sobre o papel e o lugar a ser ocupado pelo ser humano, no conjunto das forças universais;

• Filogênese: sentido de pertença a uma tribo, uma etnia c/ou nação;

• Gnosiologia: sobre o processo de desenvolvimento do conhecimento humano:

• Dinâmica de grupo: organização social, atribuição de poderes e administração de regras legais;

• Dinâmica prestusuária (prestádio + usuária): mecanismos de provimento, acesso aos recursos produzidos por meio do trabalho, da tecnologia e da guerra;

• Utopia: sobre as esperanças em relação ao futuro temporal e/ ou transcendental (isto é, dinâmica futura universal).



[2] A esse respeito é interessante acompanhar a argumentação de Rubem Alves em Filosofia da Ciência: introdução ao jogo e suas regras. São Paulo: Ars Poetica, 1996.


Pode-se deduzir, levando em conta que todos estes elementos se encontram de alguma maneira articulados, que não se pode alterar nenhum sem o realinhamento nos demais em maior ou menor grau. A consciência história não chega a fornecer uma cosmovisão, mas que sento a articuladora das relações temporais do que é e do que pode ser, atravessa verticalmente qualquer sistema filosófico, teológico ou científico.

Ao fazer a síntese integrativa entre as três dimensões do tempo, o devir passa não apenas a ser algo imaginado, sem o qual se pode passar sem, mas sua existência como perspectiva orientadora originada desse superávit de intenção entra como essência da condição humana. No campo da cosmovisão podemos chamar isso de utopia.

Pedagogia do individualismo e consciência histórica.

Se precisamos de uma cosmovisão e necessariamente formamos uma consciência história, onde foi parar a utopia desde que foi decretado, pelo menos a partir das gélidas salas de reunião das multinacionais e dos porões do Departamento de Estado estadunidense, o “fim da história”?

Embora falar em “fim da história” possa parecer uma repetição ad nauseam de uma teoria que, por motivos compreensíveis, causa especial irritação aos historiadores, sua formulação está longe de ser ingênua e não serve apenas para acalorar debates. É uma afirmação pragmática, uma postura política que justifica a implementação a ferro e fogo do “milênio” anunciado pelo neoliberalismo em meados dos anos 80. Não fosse assim o argumento não seria levado tão a sério, e o ensaio homônimo, escrito por um então funcionário da Casa Branca e atual assessor de Bush filho não seria visto por muito como o “planejamento estratégico” do país que com 6% da população mundial detêm 1/3 de toda riqueza.

Fukuyama coloca esse planejamento em termos bem claros: “a imperturbável vitória do liberalismo econômico e político” sobre todos os seus concorrentes significa “não apenas o fim da Guerra Fria, ou da consumação de um determinado período da história, mas o fim da história como tal; isto é o ponto final da evolução ideológica da humanidade e a universalização da democracia liberal ocidental como forma final do governo humano”.[3]

Essa “forma final do governo humano” tem o cinismo como seu corolário, pois, conforme observa Perry Anderson (1992, p. 87) “Afirma simplesmente que o capitalismo liberal é o nec plus ultra da vida política e econômica na Terra. O fim da história não é a chegada de um sistema perfeito, mas a eliminação de quaisquer alternativas melhores para ele”.

Paulo Freire seria, neste contexto, por certo tomado por uma alienígena, pois a visão messiânica e a cruzada “democrática” neoliberal desconsideram e desqualificam qualquer dissidência. Para Fukuyama “importa pouco que estranhos pensamentos ocorram a pessoas na Albânia ou em Burkina Faso”.[4]

É nesse “melhor dos mundos possíveis” que se naturaliza a exclusão, se eterniza a idéia da desigualdade perversa e as grandes mudanças coletivas são banidas para o tempo que o mundo tinha história. ANDERSON (1992, p. 85-6) observa que mais frequentemente nessa perspectiva liberal numa sociedade democrática, a arena pública nada mais é, necessariamente, do que um espaço instrumental onde se pode tentar realizar objetivos privados substantivos de diversas espécies. A busca de significado é uma questão individual, não social.



[3] Citado por Perry Anderson (1992, p. 82). O grifo é nosso.

[4] Ibid, (p. 88). O Grifo é nosso.

Se abordarmos a questão da utopia a partir dos postulados da Teoria da Consciência Histórica podemos pensar que ela não desaparece, mas se desloca, muda de nível e sem perspectiva de transformação na estrutura social se individualiza fazendo uma disjunção do coletivo e do individual. A idéia de progresso, por exemplo, descola-se do social e passa para o plano pessoal. “Mundo, você não pode mudar, mas entender por mudar a sua vida[5].”

Pedagogia da autonomia e consciência histórica.

A partir do topos político de uma educação progressista, a forma como a perspectiva de desenvolvimento das potencialidades humanas é seqüestrada pela ideologia neoliberal, calcada em uma meritocracia fajuta, é o ponto fulcral das discussões em torno da consciência histórica, destacado o papel que uma Didática da Histórica engajada na busca da autonomia.

Autonomia e individualismo não são sinônimos. O individualismo neoliberal, paradoxalmente, castra o indivíduo da possibilidade de transcender as condições que, fatalmente, parecem naturalizar-se. A autonomia do indivíduo requer uma relação com a heteronomia de uma sociedade na qual ele não é um simples prisioneiro do mecanismo titânico do determinismo.

Paulo Freire na sua Pedagogia da Autonomia, esse pequeno livro escrito de forma tão densa, apresenta um dos mais belos e eficazes conjuntos de contra argumentação capaz de conduzir a ação, que segundo Rüsen no quadro da consciência histórica, vai da quietude ao ativismo.

O posicionamento de Paulo Freire entra em rota de colisão contra essa pedagogia individualista quando comenta da sua “... crítica permanentemente presente em mim à malvadez neoliberal, ao cinismo de sua ideologia fatalista e a sua recusa inflexível ao sonho e à utopia” (1996, p. 16).

Sonho e utopia que libertam o indivíduo quando ele se insere em um campo coletivo que considera uma ontologia que coloca o ser humano não apenas como simples reprodutor de ideologias ou produto de determinações inapeláveis:


[5] Parte da peça publicitária vinculada pelo jornal “Gazeta do Povo” em 2004. O Grifo é nosso.

Na verdade, seria incompreensível se a consciência de mi­nha presença no mundo não significasse já a impossibilidade de minha ausência na construção da própria presença. Como presença consciente no mundo não posso escapar à responsa­bilidade ética no meu mover-me no mundo. Se sou puro pro­duto da determinação genética ou cultural ou de classe, sou irresponsável pelo que faço no mover-se no mundo e se care­ço de responsabilidade não posso falar em ética. Isto não sig­nifica negar os condicionamentos genéticos, culturais, sociais a que estamos submetidos. Significa reconhecer que somos seres condicionados mas não determinados. Reconhecer que a História è tempo de possibilidade e não de determinismo, que o futuro, permita-se me reiterar, é problemático e não ine­xorável. (FREIRE, 1996)

O futuro “é problemático mas não inexorável”. É a partir desse “terceiro ponto”, dessa dimensão ética, além do dado analisado e do valor heurístico de qualquer teoria que pretenda oferecer modelos explicativos de como os processos de formação de sentido operam na psique individual e nas representações sociais que ligam os sujeitos aos objetos que a crítica deve fornecer no âmbito educacional as orientações existenciais necessárias contra a reificação do homem.

Até onde pude analisar, o que sem dúvida vai demandar de uma maior compreensão da epistemologia da idéia, a Teoria da Consciência histórica, que em um primeiro momento parece apresentar uma estrutura a priori, porém esvaziada de conteúdos cognitivos, mais ou menos como em uma concepção da razão em Kant, trás a tona a velha discussão entre inatismo e empirismo. Longe de estar superada essa discussão ainda é muito presente se confrontarmos, por exemplo, algumas vertentes sociológicas de um lado e a moderna neurociência de outro.

De um lado, a compreensão mecanicista da História que reduz a consciência a puro reflexo da materialidade, e de ou­tro, o subjetivismo idealista, que hipertrofia o papel da cons­ciência no acontecer histórico. Nem somos, mulheres e ho­mens, seres simplesmente determinados nem tampouco li­vres de condicionamentos genéticos, culturais, sociais, histó­ricos, de classe, de gênero, que nos marcam e a que nos acha­mos referidos. (FREIRE, 1996, p. 99).

Embora a questão dos “tipos geradores” apresente alguma hierarquia que também depende de um juízo de valor, ela necessita desse ponto de crítica para que seja operacional dentro de um programa mais amplo da Didática da História como prática de educação progressista.

Nesse ponto Freire nos municia com uma série de argumentos contra a simples adaptação, que poderíamos identificar como um modo “tradicional” de geração de sentido rumo à autonomia e a percepção de que a inconclusão faz parte do fenômeno vital (FREIRE, 1996, p. 55), o que caracterizaria um modo “genético” de geração de sentido.

“Na verdade, o inacabamento do ser ou sua incondusão é próprio da experiência vital. Onde há vida, há inacabamento. Mas só entre mulheres e homens o inacabamento se tornou consciente” (FREIRE, 1996 p. 50).” Ora, o modo genético de geração de sentido é caracterizado, justamente, por permitir que diversos pontos de vista possam ser aceitos articulados em uma perspectiva mais ampla de mudança (e portanto inconclusão) temporal.


Essa consciência do inacabado, tão diferente do “
ponto final da evolução ideológica da humanidade e a universalização da democracia liberal ocidental como forma final do governo humano” de Fukuyama, está em sinergia com uma ontologia que apresenta o tempo como estrutura de possibilidades, expressa de forma concisa e bela por Freire:

Gosto de ser gente porque, inacabado, sei que sou um ser condicionado mas, consciente do inacabamento, sei que pos­so ir mais além dele. Esta é a diferença profunda entre o ser condicionado e o ser determinado. A diferença entre o ina­cabado que não se sabe como tal e o inacabado que histórica e socialmente alcançou a possibilidade de saber-se inacabado. Gosto de ser gente porque, como tal, percebo afinai que a construção de minha presença no mundo, que não se faz no isolamento, isenta da influência das forças sociais, que não se compreende fora da tensão entre o que herdo geneticamente e o que herdo social, cultural e historicamente, tem muito a ver comigo mesmo.

Consciência histórica e progresso

Trabalhar com conceitos teóricos de amplitude tão abrangente quanto a Teoria da Consciência Histórica de Rüsen, bem como sua concepção de Didática e Teoria da História têm se revelado uma tarefa complexa e desafiadora. Ainda há muito trabalho a se fazer para que uma interpretação possível desse quadro conceitual possa ser aplicada de forma coerente.

Um dos elementos de análise, a idéia de progresso, que tenho tentado articular como elemento da consciência histórica é um destes problemas. Porém, que como tive a oportunidade de mencionar antes, certas noções de progresso parecem-me passíveis de compor uma ontologia onde se firmem quadros proposições que se diferentes epistemologicamente possam compartilhá-la.

Se por um lado não podemos hipostasiar a estrutura teórica da consciência histórica, por certamente ela não segrega “historicidade” como o fígado segrega a bile, por outro alguns elementos parecem ser efetivamente estáveis para permitir uma análise lógica. O progresso, no seu sentido de superávit entre o que é o caso e o que pode ser o caso, como tenho mencionado, pode ser encampado pelo discurso hegemônico. Assim o papel da educação em oferecer um contra discurso ao fatalismo e naturalização da resignação surge como fundamental na Educação Histórica. Sobre esse tema finalizo com mais uma citação do professor Paulo Freire que debate como o “progresso” pode ser resignificado como a partir do ponto de vista de quem quer lhe impor um sentido.

Do ponto de vista dos interesses dominantes, não há duvi­da de que a educação deve ser uma prática imobilizadora e ocultadora de verdades. Toda vez, porém, que a conjuntura o exige, a educação dominante é progressista à sua maneira, progressista “pela metade”. As forças dominantes estimulam e materializam avanços técnicos compreendidos e, tanto quan­to possível; realizados de maneira neutra. Seria demasiado ingênuo, até angelical de nossa parte, espetar que a "bancada ruralista" aceitasse quieta e concordante a discussão, nas esco­las rurais e mesmo urbanas do país, da reforma agrária como projeto econômico, político e ético da maior importância para o próprio desenvolvimento nacional. Isso é tarefa para educadoras e educadores progressistas cumprir, dentro e fora das escolas. É tarefa para organizações não-governamentais, para sindicatos democráticos realizar. Já não é ingênuo esperar, porém, que o empresariado que se moderniza, com raízes ur­banas, adira à reforma agrária. Seus interesses na expansão do mercado o fazem "progressista" em face da reação ruralista. O próprio comportamento progressista do empresariado que se moderniza, progressista em face da truculência retrógrada dos ruralistas, se esvazia de humanismo quando da confrontação entre os interesses humanos e os do mercado. (FREIRE, 1996. p. 99-100).

Referências:

ANDERSON, Perry. O fim da história: de Hegel a Fukuyama. Rio de Janeiro: Zahar, 1992.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

LIMA, Marco Antunes de. Pós-modernidade e Teoria da História. Klepsidra – Revista virtual de História. S.D. Disponível em www.klepsidra .net

MARX, Karl; ENGELS, Friederich. A ideologia alemã. São Paulo: Martin Claret, 2006.

RÜSEN, Jörn.What Is Historical Consciousness?A Theoretical Approach to Empirical Evidence. Paper presented at Canadian Historical Consciousness in a International Context: Theoretical Frameworks, University of British Columbia, Vancouver, BC. (2001).

RÜSEN, Jörn. Razão Histórica: teoria da história: fundamentos da ciência histórica. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2001.